Quem?!

 

Quem vai nos trazer de volta

Quem vai nos devolver

Os sonhos perdidos de outrora

Quando eu sabia o que eu queria

Quando eu sabia o que

 

Ainda sou o mesmo, mas não faço parte

Do inteiro só ficaram as metades

Que eu não gosto de lembrar

 

Quando nós nos tornamos máquinas

Maquiavélicas e falhas

Esperando que outro erre

Pra enterrá-lo medos

Produzidos em nós

 

Eu não sou perfeito, mas tenho coragem

Não serão os dentes desta engrenagem

Que iriam nos derrotar

 

Saiba amor que eu tenho

Mais amor que tudo

Quanto mais pesado me cair o julgo

Mais forte vou levantar

 

E você também, vem comigo

Eu até consigo te imaginar

Desenhando sonhos rabiscando caras

Inventado nomes pra gente se chamar

Procurando abrigo

Abrigando amigos

Erguendo castelos pra gente se amar

Published in: on novembro 15, 2009 at 10:02 am  Deixe um comentário  

Face menina dos dias mulher da noite

Foge menina da noite

Que os homens daqui são iguais

O animal ronca e alma descansa em paz

Ternos, gravatas respiram suados

Doutores, pastores, peão

A cada centavo a cada milhão a cada sim acaba-se

A face menina dos dias, mulher da noite  

Entre quatro esquinas num hotel barato um barato pra ficar em cima pra ficar ligado  

Carros silenciam sentenciam-se milhões 

Fugindo pra casa maquilagem borrada batons

Na face menina dos dias, mulher da noite 

A praça parece pequena

Pros teus sonhos nus

Enquanto lhe cobrem o corpo enquanto lhe lançam pus

Na ferida aberta na miséria selada dos olhos famintos da boca fechada

Na face menina dos dias, mulher da noite 

Teu corpo não mais existe e é só o que eles vêm

Tua alma perpetua, mas não podem perceber

Que o teu sorriso e grito que eles fingem não ouvir

E se calam quando olham para ti

Pra face menina dos dias mulher da noite 

Published in: on outubro 3, 2007 at 6:23 pm  Comments (1)  

Tempo e Paciência.

Eu ainda te esperava

Não vinhas, mas te esperava

Em cada olhar que me lembrava o teu eu te buscava

Em cada hora que antecedia a sua

Eu cegava os olhos no ponteiro mudo e te sonhava

Eu já te esperava

Não com paciencia, mas como quem tem pressa

Como quem apressa os dias nos seus passos

Corria ao teu encontro quando ouvia rumores da tua vinda

Boatos da tua chegada alvoroçavam minha ciade

Seguia teus cabalos em rostos alheios

Seguia tua face n’outras faces

Pra me convencer de que já chegara

Mas mesmo em outros braços eu te esperava

Porque sabia que inda vinhas

D’outras terras outras paragens

Em outros portos eu te aguardava

N’outras viagens outras bagagens

Em lendas esquecidas

Nas ruinas dos antigos templos

Nos momentos em que menos podia, inda sorria e te esperava  

Na conversa sobre o monte citava teu nome aos Incas

Quando falavam de amor dançava à tua espera

Catva estórias das folhas mortas que o outono seco levava ao chão

Inventava livros do vento vivo orvalho manso na minha mão

Como ainda fosse criança como ainda circulasse pelo sangue a inocência

Na sacada as mulheres punham

E delas eu fazia o seu jardim

Dos perfumes pelas ruas compunha tua canção

Roubava o pão de outras mãos e preparava o teu jantar

E mesmo que me furtassem a vida, a vinda

Mesmo que acabasse ainda o meu tempo

E me roubassem a urgência

Eu te esperaria

Porque como veio, eu sabia que vinhas. 

Published in: on agosto 3, 2007 at 1:43 am  Comments (3)  

Da janela

                                                    Dedicado a

                                                    Ana Laura Menezes de Souza.

                                                                                    Com Amor. 

 

 

Ela observava o céu pela janela da sala

Debruçada olhava as nuvens e as formas que elas tomavam

As formas que ela lhes dava.

O vento como autor

Achando-se dono do jogo

Desmanchava com desprezo

E refazia com zelo formas novas pelo ar

Ela que não se cansava

Das peraltices do vento

Arriscava adivinhar qual seria o novo corpo antes mesmo de se formar

Gritava com sigo mesma sorria até de chorar

Quando acertava os segredos que vento vinha contar

Embaraçado desmanchava com pressa fazia outros

E por toda tarde eu via a alegria naquela janela

A alegria e ela a brincar.

Que Deus a proteja nos seus sonhos, nos dias, nos seus caminhos que sempre haja nuvens nos seus céus, sorrisos na sua boca que dos teus olhos nunca saia a vontade de brincar. Que na mesma cadeira eu esteja, soprando vento nas tuas nuvens…

Published in: on julho 20, 2007 at 6:49 am  Comments (6)  

228.

                                                                                                       “[…] Mas, ainda assim, prefiro a profissional: a gente vai, trepa, paga, não fica devendo favor, nem amor, nem amizade, volta para casa e esquece, não lembra mais o nome; Dalva ou Glória ou Marlene ou Valéria ou Paula ou Maura, tudo é a mesma coisa, o mesmo buraco, pernas, peitos, boca, palavrões, gemidos, uma explosão no escuro, a nota em cima da mesa, acabou-se, de volta para casa dormir, nenhum problema, remorso, aflição, saudade, nada, o corpo sossega, a alma não incomoda, e o animal ronca feliz.” [ Luiz Vilela, Tremor de terra.].

Em sentencioso silêncio qual a besta ante amira óbvia do caçador

De quem espera o julgar do tardio gozo, ó gigante monstro ameaçador, eu espero.

Sobre feições escuras macabras luzes vermelhas

Que enchiam de esperança o não se encontrar dos homens

O proucurar sem nome que qualquer nome se dá

Corpos em intelegível dança vestidos dos vestígios nús

Que ao caos só a princesas dava, dadiva de ser adorada como nada como ninguém.  

Ser ser lembrada ou levada pra casa. Sem saber-se no outro dia. Sem saber-se que

Em andanças vadias eu me perdia nas ruínas do seu deitar.

Tantos homens se faziam pobres da seiva viva do pulsar da carne

E se diziam sãos ao penetrar a luz que nem seus olhos podiam suportar

Tão puco sua alma tinham o descanço em que acreditavam

Published in: on julho 20, 2007 at 6:26 am  Deixe um comentário  

Destas…

A fata de tempo, o quanto você faz falta.

O tempo que ainda me resta, no quanto de ti me escapa.

A mediada das lembranças o peso das saudades.

A lógica imperfeita e tragica dos vazos vasios na sala.

As flores que nao nos demos, os remos que nao usamos.

Os barcos que naufragamos, as guerras que nós perdemos.

No cálice que nao brindamos às coisas que se acabaram.

Ainda resta vinho tinto tingido pelo orvalho.

Dos dias que nao iniciamos, dos dias que por si findaram.

Das luas que nao vivemos, dos sois que não nos banharam.

Dos sonhos que nao tivemos, dos rios que se secaram.

Das crianças que não criamos brincando no quintal da casa.

Das gargalhadas que nós não demos desta eu sinto falta.

Das coisas que não possuo e só a ti as remeto.

Do medo do meu escuro que no caos se chama desejo.

Destas e que te escrevo, pra que saibas que ainda me lembro

Embora nada disso fizemos, de tudo eu jamais me esqueço.

Published in: on julho 16, 2007 at 8:41 am  Comments (2)